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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES- Teatro Infantil


A BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES 
ADAPTAÇÃO: Nicéas Romeo Zanchett 
Tragicomédia em três atos e um prólogo 
PERSONAGENS 
Branca de Neve, a Madrasta e galhardo (Príncipe), os anões, um caçador. Aprezentado por Pinóquio.
CENÁRIO 
Palco e pano de fundo.
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Prólogo 
    Pinóquio (adianta-se e saúda a plateia. falará com voz eloquente de orador de circo e largos gestos) 

                    - Gentis damas e nobres cavalheiros, foi-me concedida a honra de vir à vossa presença para apresentar-vos os personagens da tragicomédia de todos os tempos: "Branca de neve e os sete anões". Passará perante vos a cândida Branca de Neve, tão alva e tão pura como pétala de camélia, simples e bela como o lírio, com seu sorriso de ouro e seu coração de mel. Vós estremecereis de ódio ante a crueldade de sua perversa madrasta; rireis bastante com as engraçadas passagens dos anõezinhos e daqui saireis contentes, satisfeitos, vendo como a bondade venceu a traição, como a inocência triunfou sobre a malícia e a astúcia... (leva uma das mãos à boca, desapontado, olhando para todos os lados). Desculpai-me!... Eu me enganei... Julguei que estava falando a pessoas adultas... Por isso eu me exprimia em tom muito sério... Enfim falarei de novo. (Em tom muito mais enfático) Queridos meninos e meninas! ( Encolhe os ombros e faz um gesto de resignação). Bem!... Já ouvistes o que era preciso. (retira-se precipitadamente). 
   PRIMEIRO ATO
Cenário: Um bosque, à noite.
Em cena: Branca de Neve e o Caçador
                Branca de Neve - Para onde me levas? Vê! Começa a escurecer e este bosque está muito longe do palácio. Quero voltar!
                Caçador - Não, queridinha, vamos um pouco mais adiante. Eu sei onde se encontram gostosas amoras!  
                Branca de Neve - Estou cansada. Não posso mais. E pensar que temos de voltar a pé!  
                Caçador (pegando-lhe a mão) - Vamos, não sejas preguiçosa!  Com mais um pequeno esforço chegaremos. 
                Branca de neve - Estás trêmulo! Por que? 
                Caçador - Ai de mim! 
                Branca de Neve - (ofegante) - Que te aflige? 
                Caçador - Nada, menina!... Arrependo-me de ter prometido o que prometi... És tão boazinha!
                Branca de neve - Prometestye fazer-me algum mal? A quem o prometeste? 
                Caçador - Sim. Eu prometi matar-te! 
                Branca de Neve - Matar-me? Por que? Acaso te causei algum mal? 
                Caçador - A mim não.; Foi a rainha que...
                Branca de Neve - Ai de mim! A rainha, a malvada? Estou perdida! Diz-me tudo, diz-me!
                Caçador - Não posso, não! Vou deixar-te aqui no bosque. Não faltará uma alma caridosa que te proteja. Direi à rainha que estás morta. 
                Branca de Neve (alegremente) - Obrigada, obrigada! Agora volta de pressa, para que a cruel rainha não mande alguém à tua procura. 
                Caçador - Adeus. Não tenhas medo. Neste bosque não existem lobos. Matarei no caminho uma corça, mancharei de sangue minhas vestes e levarei à rainha o coração do animalzinho, dizendo-lhe que é o teu. 
                 Branca de Neve - Oh! Muito obrigada! Adeus, adeus... (Vai-se o caçador, Branca de Neve senta-se para descansar; mas, pouco a pouco, lhe vem o sono e adormece. Permanecerá em cena, assim, alguns momentos. A seguir, aparecerão os anões, conversando e rindo. Ao verem a menina, ficam mudos de espanto. Rodeiam-na e tocam-na delicadamente com as mãos carinhosas, para não despertá-la). 
                  

                  Dengoso - É cabelo, não é ouro!
                  Atchim (dando um espirro: Atchim!...) - São cabelos de ouro!
                  Feliz - É feita de carne! E está gelada!
                  Dunga - Ora essa! É claro! A carne é fria quando sai da neve...
                  Mestre (barulhento) - Com é linda! Bonita toda a vida!...
                  Atchim (espirrando outra vez) - Vocês são uns tolos!
                  Zangado - Cuidado com tanto barulho! Vocês vão acordá-la! 
                  Soneca (como é mudo, limita-se a tocar as vestes, os sapatinhos e os cabelos da menina, contemplando-a embevecido). 
                  Atchim (dando um terceiro espirro) - Querem que esta bela menina passe a noite aqui, para que as feras venham devorá-la? Que bobos Deus me deu para irmãos! Vamos despertá-la para que se vá embora...
                   Dengoso - Terá casa a coitadinha?
                   Dunga - Mão! Não! Quem sabe é uma criança abandonada ou mendiga? As mendigas que se prezam andam sempre assim: trajes de passeio, sapatinhos amarrados com laços e uma estrela de ouro nos cabelos... 
                  Mestre - Que coisas engraçadas estas dizendo...
                  Atchim - Que engraçadinho! Vá ser palhaço no circo! 
                  Feliz - vamos ao circo? 
                  Atchim - Que estupidez!...


                  Branca de Neve - (acorda e olha admirada os anões) - Quem são vocês e que querem de mim? (Falam todos ao mesmo tempo, em diferentes tons, sem que seja possível entendê-los. Branca de Neve tapa os ouvidos), Não!, não! Não posso entender. Fala um de cada vez. Vamos ver, fale você primeiro (a Dunga). 
                  Dunga - (Fica embaraçado e não sabe o que dizer) É, pois é... você saberá.... Nós todos.... (os anões tornam a falar a um tempo). 
                  Branca de Neve - Não entendo! Assim é impossível. Fale você! (dirigindo-se a Soneca).
                  Soneca - (dá a entender, por sinais, que é mudo. Recomeça o vozeirão, todos falam...) 
                  Branca de Neve - Vocês acabam me deixando louca!... Fale um só, ou voltem pelo mesmo caminho por onde vieram até aqui.  
                  Zangado - Sou eu que vou falar! Nós todos somos uns anões honrados e trabalhadores. E você? Que está fazendo aqui?
                  Branca de neve - (Fica um pouco indecisa, mas responde) Eu?... Eu sou mendiga! 
                  Dunga - Eu não lhes disse? Estão vendo? 
                  Branca de Neve - Sou uma pobre menina que procura trabalho. Sei fazer todos os serviços domésticos. Se souberem de alguém que esteja precisando de uma criadinha... (Os anões entreolham-se e cochicham uns aos ouvidos de outros, conferenciando baixinho)
                  Atchim - (contendo novo espirro) Você sabe fazer sopa de lentilhas? 
                  Branca de Neve - Sei, como não? 
                  Zangado - Sabe remendar calças? 
                  Branca de Neve - Sei, sim! 
                  Mestre - Sabe fazer torta de maçãs? 
                  Branca de Neve - É a coisa mais fácil deste mundo!
                  Feliz - Sabe cantar e dançar? 

                  Branca de Neve - um pouquinho... (Começam todos a falar ao mesmo tempo) - Meu Deus! Que dizem vocês? Não entendo nenhuma palavra! (Os anões dão-se as mãos, formam uma grande roda em torno da menina, cantando e dançando com muita graça, repetindo o coro dos anões do filme, enquanto, lentamente, 
                                                               DESCE O PANO 
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SEGUNDO ATO 

 Cenário : A casinha dos anões.
Em cena: Branca de Neve e o Mestre
(A menina põe numa cesta o almoço dos anões, enquanto conversam).

                 Mestre - Você quer dizer-me, irmãzinha, por que nos dias em que é minha vez de levar o almoço, nunca temos torta de cerejas? 
                 Branca de Neve - Não tem graça, não? É porque você comeria toda a torta no caminho...
                  Mestre - Acha que sou capaz disso? 
                  Branca de Neve - Ora se não é! Claro! Por que você quer que eu faça torta de cerejas justamente na sextas-feiras? 
                   Mestre - Pois você vai ver... 
                   Branca de neve - Não verei nada, seu finório! (ambos riem) - Está pronta! (E dá a cesta a Mestre) Depressa, ande! Já é tarde e tenho muito a fazer. 
                   Mestre - Não quer dançar um pouquinho comigo?...
                   Branca de neve - Só se estivéssemos doidos! Imagine se posso dançar quando tenho um montão de roupas para lavar? Que está pensando? 
                   Mestre - Você é uma encantadora formiguinha, porém estou com medo de que exagere e fique muito formiga, trabalhando demais... 
                   Branca de Neve (empurrando-o com brandura até a porta). - Vamos! A caminho! É tarde, seu molenga! 
                  Mestre - Não se esqueça de fechar bem a porta por dentro e...
                  Branca de neve - Não devo abri-la sem o sinal combinado. Sei a lição de cor. Não tenha medo. (Vai-se mestre e a menina põe-se a lavar roupa, cantando baixinho). 
                   Madrasta (gritando lá fora) - Maçãs, maçãs vermelhas, madurinhas! Destas, que vendo, não se encontram em parte alguma! 
                   Branca de Neve - Maçãs! Com que prazer comeria algumas! Há tanto tempo que não provo maçãs... Por que não hei de comprar  pelo menos uma? Como pode uma simples vendedora ambulante saber quem eu sou? (Aproxima-se da porta, abre-a e chama a vendedora) - Venha cá, vendedora de maçãs! Venha!
                    Madrasta (está tão bem disfarçada que a menina não a reconhece) - Que quer, linda menina? 
                    Branca de Neve - Quero maçã! Gosto muito desta fruta...
                    Madrasta ( astuciosamente) - O sol está muito quente! Gostaria de me refrescar um pouco à sombra... 
                     Branca de neve - Entre, boa mulher! Entre para descansar uns momentos. Quer um copo d'água? 
                     Madrasta - Que boa menina você é! Dê-me um pouco d'água bem fresquinha e eu, em paga, escolherei a melhor maçã para você, a mais doce, bela e saborosa... 
                     Branca de Neve - (sai e volta trazendo um copo d'água) - Beba, que está pura e bem fresquinha.. É da fonte do bosque, de onde verte a água mais cristalina de todos estes lugares.
                     
                      Madrasta - Tome esta maçã, coma-a agora mesmo, na minha frente. Quero ter o prazer de vê-la saboreá-la...
                      Branca de neve - Obrigada! (Leva a maçã à boca e morde-a) - Ai! Que gosto amargo!...
                       Madrasta - Que tolice, menina! É que você provavelmente já se esqueceu  do gosto das maçãs... Anda! Como pelo menos um pedaço, para experimentar melhor...
                      Branca de Neve - Ai! Estou me sentindo mal! Ai! Parece que vou morrer... (Cai no chão e fica imóvel). 
                      Madrasta - Até que enfim! Nunca mais meu espelho mágico dirá que existe outra mais formosa do que eu! ... está morta, a maldita! Aquele imbecil caçador me enganou, mas, de hoje em diante, ninguém mais me enganará, pois Branca de neve está morta e bem morta. Gostaria de ver as caras dos anõezinhos quando voltarem... (Ri maldosamente e sai. Branca de Neve continua imóvel no chão. Momentos depois, chegam os anões. Ao verem a porta aberta, fazem grande alarido e mais aumenta a confusão quando veem Branca de Neve estendida no chão, como morta. Procuram desesperadamente reanimá-la, todos se movimentam aflitos, empurram-se, dão encontrões, aturdidos e sem saber o que fazer. Nenhum deles soube fazer alguma coisa de proveitoso; era preciso uma urgente providência para salvar a menina, mas ninguém sabia o que fazer. Finalmente, já desanimados, sentam-se todos com a cabeça entre as mãos, profundamente tristes e silenciosos). 
                     Dengoso - E agora? Que vamos fazer? 
                     Todos  - Que fazer? 
                     Mestre - O remédio é chorar...
                     Dunga - É o mais indicado para casos como este...  
                     Zangado - É verdade. O melhor mesmo é chorar!... (Todos choram, em difeents tons e cada qual a seu modo). 
                     Atchim (espirrando) - Atchim!... Agora chega. Já choramos bastante. Vamos que é prático. Onde vamos sepultá-la? (Recomeçam os choros e alaridos de dor... Os anõezinhos lamentavam profundamente aquela desgraça). 
                     Zangado - Não a enterraremos... Isso não seria justo! Vamos levá-la à gruta que fica no alto da montanha, para que o sol a beije, a brisa lhe acaricie as plácidas faces e os passarinhos venham gorjear a seu redor... 
                     Mestre - Vamos chorar mais um pouco antes de irmos... (Todos se põe a chorar como crianças outra vez)...

 DESCE O PANO
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TERCEIRO ATO 

Cenário: Gruta na Montanha. 
Em cena: Branca de Neve estendida sobre um tapete de fina relva. Depois Galhardo. 
                    Galhardo - (entrando na gruta) - Até que enfim encontro um lugar sombrio e fresco!  Bendito seja Deus! O Altíssimo fará com que nesta gruta não se encontrem animais  ferozes. Mesmo que ela fosse habitada por anjos, eu não os poderia ver nesta penumbra, pois ainda estou com a vista deslumbrada pela luz do sol. ( Senta-se numa pedra e cobre os olhos com as mãos. Depois abre-os e, só então, v~e Branca de neve) - Meu deus! Eu falava de anjos e aqui vejo o mais belo que se poderia imaginar! Quem é você, adorável criatura? Que faz estendia nesta gruta? (Aproxima-se). Está dormindo!... Meus olhos jamais contemplaram uma beleza assim! Quero ficar cego se estou mentindo... Os raios do sol invejariam esta cabeleira dourada, os jasmins a alvura destas faces... Se, assim fechados, estes olhos são os mais lindos que já pude ver e admirar, quanto serão sedutores, iluminados pelo esplendor da luz que os anima!  Muito linda devia ser minha prometida Branca de neve, para que a fama de sua formosura se conserve ainda, após um ano do seu misterioso desaparecimento do palácio da rainha. 
                    - Seria ela, porém, comparável a este anjo? Quem será esta feiticeirinha que, mesmo dormindo, cativou meu coração? Não resisto nem mais um minuto... Vou acordá-la para dizer-lhe que meu maior desejo é que desfrute, em minha companhia, o trono real que herdei de meu pai! (Com meiguice) Menina!... Minha senhora e rainha do meu coração!... Ela não acorda!... (Toca-lhe suavemente a pele do rosto e recua). Como está fria! Estará morta?!... (Torna a tocá-la). Está Morta! Ai de mim! Apaixonei-me por uma donzela que já não pertence a este mundo... Mas... Não! Não é possível que esta beldade tenha morrido justamente na hora em que a encontro... (Toma-a pelos braços e sacode um pouco) Desperte! Desperte!, rainha de minh'alma! (Banca de Neve abre os olhos, mansamente, suspira de leve e torna a si após seu longo sono). 
                      Galhardo - Eu sabia que estava dormindo!... 
                      Branca de neve - Quem é você cavalheiro? Que faz aqui? E eu, onde estou?!... (Olha em redor, admirada e sem entender o que estava acontecendo). 
                      Galhardo - Sou, quero dizer, era galhardo, senhora. Príncipe herdeiro do rei da república, mas, de agora em diante, sou somente seu escravo, minha adorada senhora!
                      Branca de neve - Além de gentil, é um cavalheiro galanteador... Mas quem procura tão longe de sua pátria?  
                      Galhardo - Ai de mim! Ando em busca da herdeira da coroa real deste país, mas não consigo encontrá-la. Há muito desapareceu misteriosamente. Mas agora não tenho motivos de queixa. Encontrei-a,Senhora, e, se quiser, será a rainha de meus país!  
                      Branca de neve - Cavalheiro! E se sua prometida for encontrada algum dia? 
                      Galhardo - Isso não acontecerá. Já não tenho a menor esperança de achá-la. E você, que fazia aqui?  Por que estava adormecida nesta gruta? 
                      Branca de Neve - Eu não dormia! Estava morta! 
                      Galhardo -  (incrédulo) Morta? ... Como morta?...
                      Branca de Neve - Sim, envenenada. Minha madrasta, invejosa, fez-me comer um pedaço de maçã envenenada. Ficou-me parada na garganta e você, com seus carinhosos modos, sacudindo-me, fz com que o pedaço de maçã saltasse fora de minha boca. 
                      Galhardo - Perdoe-me, senhora! 
                       Branca de neve - Perdão? Pois foi graças a isso que vivi de novo!... Devo-o a você...
                       Galhardo - Posso contar com sua boa vontade? Quer ser minha soberana? 
                       Branca de Neve - Não sei o que devo dizer... Se a princesa for encontrada.... (nesse momento chegam os anões e, vendo a menina são e salva, põem-se a gritar, fazendo enorme alarido, não cabendo em si de contentes e felizes). 

                      Todos os anões - Branca de neve! 
                       Galhardo - Branca de Neve ?!  Então é você? (Ela sorri, com ar travesso...) 
                       Atchim - (Depois de espirrar) Claro que é ela! Branca de Neve! E você quem é? (Nesse momento acontece um reboliço, os anões, ameaçadores, cercam o jovem príncipe. 
                       Branca de Neve - Calma! Fiquem quietos, meus irmãozinhos! Este é Galhardo, meu noivo, desde muito anos! Por sinal, um noivo muito atrevido e infiel, pois vive de namoricos com princesas que encontra mortas nas grutas das montanhas. 
                      Galhardo - Minha querida Branca de neve !
                      Branca de Neve - Galhardo! (Surge um novo reboliço. Os anões formaram uma roda em torno dos noivos, dançando e cantando). 
                                                                             F I M     

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